Poucos temas foram tão proeminentes ao longo deste ano quanto os impactos da inteligência artificial (IA) em nossas vidas. Esse assunto tem sido objeto de análises e debates sob diversos ângulos, desde questões éticas até preocupações relacionadas ao mercado de trabalho, passando por aspectos cognitivos e educacionais. Mesmo os especialistas envolvidos no desenvolvimento dessa tecnologia expressaram apreensão pelo futuro dos trabalhadores.
Com a popularização de algumas ferramentas de IA, muitos profissionais experimentaram uma mudança significativa, com a redefinição de funções e cargos. Entretanto, a transformação digital está longe de estagnar; pelo contrário, a tendência é que ela se torne cada vez mais profunda e acelerada.
Avanços tecnológicos são uma constante na história humana, remontando à Revolução Industrial no século 18. Durante esse processo, surgiram novas ocupações, outras desapareceram e algumas se reinventaram. É altamente provável que algo semelhante aconteça desta vez.
Com a incorporação progressiva da IA em tarefas operacionais, repetitivas e simples, emergirão oportunidades e carreiras em novas direções. Destaco algumas delas:
- Gerente de Transformação Digital (responsável por conduzir a transformação de organizações);
- Engenheiro(a) de Prompt (com papel crucial na interação entre humanos e máquinas);
- Departamentos Jurídico/Governança (especialistas em leis, compliance e segurança nesse novo ambiente);
- Especialista em Cibersegurança de IA;
- Analista de dados avançados (trabalhando em colaboração com a IA);
- Engenheiro de Manufatura com automação inteligente (dedicado a sistemas automatizados e IA);
- Consultores (altamente técnicos e especializados em IA).
No meio dos desafios relacionados à coexistência entre inteligência humana e artificial, mantenho duas convicções inabaláveis. A primeira é que existem habilidades humanas insubstituíveis que serão cada vez mais valorizadas, como senso crítico, empatia e criatividade.
Essas habilidades podem ser desenvolvidas de várias maneiras, por meio de cursos, viagens, leituras, hobbies e voluntariado, entre outras experiências individuais e coletivas. O essencial é ampliar o repertório de conhecimentos e vivências, indo além da formação acadêmica tradicional.
Uma bagagem de vida diversificada conduz a ideias mais audaciosas e soluções inovadoras, características altamente valorizadas pelas organizações. Investir na inteligência emocional é uma abordagem excelente para alcançar esse resultado. O uso eficaz das qualidades comportamentais contribui para a construção de uma visão de mundo mais complexa e atualizada.
Minha segunda convicção diz respeito à educação continuada, que representa a chave para lidar com os impactos e as oportunidades provenientes da transformação digital no mercado de trabalho. Destaco quatro pontos importantes sobre esse tema:
- Empregabilidade: a qualificação é essencial para se tornar um profissional com boas chances de ingressar e evoluir na carreira, dada a constante mudança no mercado de trabalho e no mundo em geral;
- Domínio digital: manter-se atualizado é imperativo para evitar o desemprego e garantir o domínio de ferramentas tecnológicas básicas;
- Cursos especializados: a graduação por si só não é mais suficiente, sendo recomendável adicionar cursos livres, de extensão e especialização que realmente agreguem valor aos objetivos profissionais;
- Inglês sempre: a fluência em inglês ainda é incomum entre os trabalhadores brasileiros, proporcionando uma vantagem significativa aos profissionais proficientes no idioma.
Embora qualquer processo de mudança possa ser assustador, visto que nos confronta com o desconhecido e o receio de não estarmos à altura, o medo pode ser um alerta para revisarmos nossos potenciais e limitações, inspirando mudanças em nós mesmos. Que tal começar agora?
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